"No Brasil, a elite encaminhou as coisas para ser elite,
desprezando o povo e assim pensa que se moderniza:
desprezando ou não sabendo que a chamada
modernização passa pela destruição dela própria.
A única maneira de essa elite encontrar
uma racionalidade
é deixar de ser elite e tornar-se cidadã".
Raymundo Faoro

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ensino Superior, uma visão particular.

Dentro do atual cenário educacional podemos destacar dois pontos principais que serviriam como arcabouço no processo de verticalização do ensino superior: a estruturação dos cursos universitários e a forma de ensino.
Na área biológica e da saúde existe uma grande oferta de cursos de pós-graduação (PG), porém não existem, na mesma proporção, cursos de graduação que alimentem esses cursos. O que existe são cursos profissionais regulares onde alguns alunos, por interesse, por oportunidade, ou por falta de mercado de trabalho, se dirigem aos cursos de pós-graduação. Neste cenário surgiram nas décadas de 60-70, no Estado de São Paulo, cursos de Ciências Biológicas-modalidade médica, pioneiramente idealizados com o objetivo de criar profissionais capacitados para exercer a docência e a pesquisa nas áreas básicas da saúde. Estes cursos que oferecem em sua estrutura curricular sólida base científica e estágio obrigatório de pelo menos 1 ano em laboratório de pesquisa, cumpriram um importante papel na geração de novos docentes e pesquisadores em várias universidades deste país. O fantástico desenvolvimento na compreensão dos mecanismos neurobiológicos subjacentes ao processo de aprendizado e memória não tem proporcionado sua imediata utilização no ensino universitário. A falta de uma estrutura curricular que privilegie a aquisição ativa do conhecimento, a retenção em memória de longo prazo, a geração de curiosidade intrínseca e a motivação para educação continuada, tem se constituído no grande desafio do sistema educacional. Assim, a estrutura pedagógica desenvolvida na maioria das escolas promove um aprendizado pela quantidade dos conteúdos e não pela qualidade. Cargas didáticas imensas são oferecidas com várias sobreposições de conteúdos, totalmente divorciadas do contexto profissional. Contudo, em um país onde a média populacional de tempo de estudo é de 5,7 anos, todo esforço no sentido de aumentar a oferta de ensino com qualidade deve ser realizado. Não basta criar cursos em profusão para que se estabeleça o processo de verticalização do ensino superior. Há que se contemplar formas e conteúdos que aumentem o interesse do aluno em permanecer por um tempo maior dentro das instituições, como forma de manter atualizados conhecimentos para um melhor exercício profissional.