"No Brasil, a elite encaminhou as coisas para ser elite,
desprezando o povo e assim pensa que se moderniza:
desprezando ou não sabendo que a chamada
modernização passa pela destruição dela própria.
A única maneira de essa elite encontrar
uma racionalidade
é deixar de ser elite e tornar-se cidadã".
Raymundo Faoro

Seja Bem-Vindo

domingo, 10 de maio de 2009

O Ambiente Universitário

As manifestações recebidas no post sobre Prêmios Universitários e todas que serão recebidas neste Blog servirão para consolidar ideias a respeito da Ciência e da Cidadania. Espero poder defendê-las em manifestações públicas ou em colegiados universitários dos quais faço parte.

Sendo assim, gostaria de iniciar este segundo post fazendo alguns comentários a respeito do primeiro post. O gráfico que apresentei colocou um assunto bastante interessante que permeia a nossa carreira de professor. A predileção pelos melhores alunos em detrimento dos piores alunos.
Um exame para o ingresso de alunos deveria SELECIONAR aqueles dispostos e que aceitam a MEDIAÇÃO UNIVERSITÁRIA para, ao final desse processo, ADQUIRIR conhecimento, habilidades e atitudes de sua COMPETÊNCIA e poder exercê-la como profissão focada no bem estar da sociedade. Os termos grifados acima foram feitos de propósito para promover a discussão.


Os principais pontos para discussão podem ser assim listados:
1. SELECIONAR – As seleções para o ingresso nas universidades conseguem discriminar na sociedade indivíduos que tenham um interesse claro pela formação profissional, independente de classe social, raça, credo, gênero ou ações afirmativas? Os cidadãos deste país têm claro o papel da Universidade no processo de sua formação profissional? A Universidade tem sido sistemática no seu papel de auto-esclarecimento para poder finalmente esclarecer esta população? O setor público/privado sabe reconhecer o valor de um profissional capacitado formado pela Universidade?

2. MEDIAÇÃO UNIVERSITÁRIA – O que é isto? Em qual desses dois mundos eu devo me inserir, ciência ou tecnologia? Nesta tal mediação devo me comportar com conformismo-inteligente ou com inconformismo-crítico ou devo criar um terceiro crítico-inteligente para não me comprometer? Os professores sabem exercer este papel de mediadores universitários?

3. ADQUIRIR – O professor X é muito bom, a aula dele é um espetáculo do PowerPoint/Transparência/Giz/Erudição, acho que aprenderei bastante nesta disciplina. Tenho a impressão de que aprendi mais na conversa com os colegas sobre o campeonato brasileiro do que na aula do professor X. Não consegui aprender nada na aula do Professor X pois não ficou claro para mim, nem o ponto de partida nem o de chegada, achei que sabia tudo pois fiquei bem colocada no exame para o ingresso na Universidade.

4. COMPETÊNCIA – Venho de uma família muito competitiva, sou competente? Sei tudo sobre este assunto, até mais do que os próprios professores, já posso competir? A Universidade está preparada para formar cidadãos melhores do que a geração atual? A Universidade está preparada para formar profissionais melhores do que os próprios professores? Preparei uma aula, um pouco fora da minha especialidade, com conteúdo bem atualizado e fiquei 2 horas falando para ninguém? Os alunos foram muito mal na prova de minha disciplina, isto é sinal de que esta geração é pior do que as anteriores ou seria culpa de eles não terem prestado atenção na minha aula? A prova do Professor X é discursiva, pois ele é contra provas de múltipla escolha, não mede nada. O Professor X é muito bom pois reprova quase que 40% dos alunos em média, e quem passa são raros os que passam com média acima de 7.

A predileção pelos ‘bons’ alunos sugere professores inseguros pelo tipo de ensino que aplicam? Quanto menor a exigência menor meu esforço pedagógico.
Uma pergunta muito importante para reflexão: Se nesses tempos de cotas, inclusão educacional, a universidade selecionar efetivamente os alunos que, independente da sua origem socioeconômica, estarão interessados em aprender a partir do BÁSICO exigido no segundo grau, atenderemos esses alunos com a mesma "competência"? Saberemos nos adaptar aos novos cidadãos, dando-lhes a formação que eles tanto necessitam?

2 comentários:

  1. Bela discussão, meu amigo:-)
    Aquele abraço,
    Renato Salazar

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  2. isso é muita coisa...normalmente meus estudantes são aprovados ...e bem...e nestes casos sempre pergunto a eles se a prova tava muito fácil (ese é sempre meu medo...)...algumas pessoas já me disseram que...sobre isso há muito o que falar!

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